Entenda o cenário das 1.223 cooperativas agrícolas no Brasil.
A estrutura de cooperativas agrícolas existe no Brasil há muito tempo. Elas sempre tiveram uma participação forte na união dos produtores agropecuários brasileiros e de profissionais da agronomia e de áreas relacionadas.
Recentemente, as cooperativas também têm participado da disseminação da cultura de inovação e de desenvolvimento tecnológico dentro das propriedades rurais.
Isso acontece por meio de uma integração com as agtechs - startups do setor agro - em um cenário complexo, no qual até o acesso à internet no campo é limitado.
O levantamento mais recente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) fala em 5.314 cooperativas no Brasil. Dessas, 1.223 são do setor agrícola, com cerca de 992.111 cooperados e mais de 207 mil funcionários empregados em todo o país.
Além da geração de empregos, essas cooperativas agrícolas trabalham na intermediação do relacionamento dos produtores rurais com empresas e com o mercado consumidor. Com isso, os agricultores e pecuaristas conseguem melhores preços, acessos antecipado à novas tecnologias e maior eficiência no escoamento da produção.
Como o conceito de cooperativismo surgiu?
Como a própria OCB aponta, o cooperativismo surgiu como modelo de enfrentamento a momentos de dificuldade, principalmente no que se refere à economia. Foi a partir de crises econômicas que o movimento cooperativista enxergou sua força e importância.
Há também o conceito de que um cooperativismo forte é sinônimo de uma economia forte. Quando o país incentiva o desenvolvimento de uma estrutura cooperativista, quem ganha é a população com:
Geração de empregos
Mais oportunidades de negócios
Desenvolvimento de ecossistemas empresariais
Inovação tecnológica
Esses benefícios afetam positivamente a economia do país de forma indireta. E essa lógica cooperativista ganhou ainda mais importância durante a pandemia do coronavírus.
Pandemia ampliou a importância do cooperativismo
Enquanto boa parte dos principais setores da economia brasileira e mundial pararam em 2020 por conta do coronavírus, o agro continuou forte. Com ajustes e adaptações, principalmente no que se refere à digitalização de processos e da comunicação, as cooperativas conseguiram auxiliar os produtores rurais em um novo cenário.
A nova realidade era de preços agrícolas em alta por conta da alta na demanda internacional, de mudança em alguns processos da cadeia produtiva e de aumento também da demanda interna devido à pandemia.
No entanto, a pandemia não foi o grande motor da inovação tecnológica nas cooperativas. A transformação digital no agro já tinha iniciado esse movimento e as cooperativas já estavam se movimentando para apresentar soluções de agricultura digital para os cooperados.
Inovação tecnológica e as cooperativas
As iniciativas são inúmeras ao redor do país. Uma das que já havíamos comentado em 2020 era a iniciativa da UEL - Universidade Estadual de Londrina em conjunto com a Fundação Shunji Nishimura de Tecnologia e diversas outras instituições.
O Agrovalley Londrina veio com a proposta de criar a 1ª cooperativa de dados do Brasil, inaugurando a fase “biodigital” da agropecuária brasileira. A proposta é unir o meio acadêmico, governo e empresas para desenvolver e organizar um grande banco de dados compartilhado e disponível para todos sobre a biodiversidade e o agro no Brasil.
Esse é um exemplo mais extremo de como a inovação tecnológica se integra às cooperativas agrícolas brasileiras. No entanto, elas ainda vivem uma realidade diferente e menos conectada.
É fato que a pandemia gerou otimização e digitalização de processos e da gestão em geral, mas a realidade dos produtores rurais ainda é outra. No último censo agropecuário do IBGE, feito em 2017, cerca de 3,55 milhões de propriedades rurais no país não tinham acesso à internet.
Os últimos anos até viram novos projetos de conectividade rural. Mesmo assim, o número ainda deve ser maior que 2 milhões de propriedades rurais, o que pode representar uma dificuldade enorme para a adoção da agricultura digital.
E o papel principal das cooperativas agrícolas é o de facilitar o acesso e a compreensão dessas inovações tecnológicas da agricultura 4.0. Isso se dá através de palestras - webinars, por enquanto -, dias de campo, oferta de novos produtos/serviços e a capacitação dos cooperados.
A ideia com isso é tirar essa impressão de que as ferramentas de agricultura digital e agricultura de precisão são caras e inacessíveis do ponto de vista técnico. Entram nessa gama de produtos/serviços o mapeamento e a pulverização com drones, a automação de tratores e do maquinário agrícola, a gestão agrícola por aplicativos e softwares, entre outras soluções.
O cenário das cooperativas agrícolas em 2021
Para o presidente da OCB, Marcio Lopes Freitas, o cenário das cooperativas agrícolas em 2021 é de um otimismo cauteloso: “eu acho que nós ainda teremos muitos [anos assim] e teremos que estar muito preparados para vencer esses desafios. A criatividade e a inovação serão [necessidades] constantes.”
Ele elenca 3 pontos importantes para o desenvolvimento do cooperativismo no país e para a continuidade desses resultados de qualidade:
Integridade
Inovação
Sustentabilidade
Para ele, a integridade é fator-chave do sucesso de uma cooperativa agrícola. É preciso ser transparente o tempo todo com os processos e os números. “A gente tem um trabalho muito sério de integridade. As cooperativas têm que se comprovar íntegras, têm que transpirar integridade.”
Apostar na inovação, na juventude, nas novas cabeças, na capacidade de pensar fora da caixinha no agro também é essencial para 2021 e para o futuro do setor. Isso juntamente com a sustentabilidade, um ponto que a Altamap reforça frequentemente como indiscutível para o futuro do agronegócio brasileiro e mundial.
Outro ponto que incluímos nesta lista do presidente da OCB sobre os pontos de atenção para 2021, é um trabalho mais aprofundado de educação do produtor rural no que se refere à agricultura digital e à digitalização da fazenda.
E qual sua visão sobre as cooperativas agrícolas brasileiras? Deixa sua opinião aqui nos comentários! E não esquece de seguir a Altamap no LinkedIn.
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